Olá, prezado leitor!
Segue mais uma postagem...
Boa leitura!
Cesárea
agendada, uma questão de saúde pública
Maria
planejou, durante a maior parte de sua gestação, um parto normal para seu
filho. Porém, no último mês de gestação o médico explicou que o desejo de Maria
não poderia ser atendido. O bebê era grande demais e a gestante não tinha
condições físicas para se submeter a um parto normal. A cesárea foi marcada.
Casos como esse são mais
comuns do que imaginamos nos consultórios brasileiros. As explicações dadas
pelos obstetras também variam. Circular de cordão, bebê grande, bebê pequeno,
mãe ‘velha demais’ ou ‘nova demais’, ‘magra demais ou gorda demais’ para parir.
Enfim, as justificativas dadas são variadas, mas o destino da maioria das
mulheres que usa os consultórios acaba sendo um só: o centro cirúrgico com uma
cesárea agendada.
Figura 1. |
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), atualmente,
no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar. Na
rede pública este número é menor, de cerca de 40% dos partos.
Pesquisa da Fiocruz
divulgada no ano passado mostra que quase 70% das gestantes quer um parto
normal, mas apenas 15% conseguem na rede privada em sua primeira gestação. Da
segunda em diante, com uma cesárea anterior, esse índice pode ser ainda menor.
Na Inglaterra, por exemplo,
a cesárea não é dada como opção. Ela só é feita em caso de alguma
intercorrência na gestação. Apenas alguns poucos hospitais privados aceitam a
cesárea marcada, mas os custos são pagos pela gestante, não pelo sistema de
saúde.
A cesariana, quando não tem
indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê:
aumenta em 120 vezes a probabilidade de o bebê ter síndrome da angústia
respiratória e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos
neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados a
prematuridade.
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Figura 2. Cicatriz de cesárea. |
A Síndrome da Angústia
Respiratória Aguda (SARA) ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) do
recém-nascido ou ainda Doença da Membrana Hialina (DMH) caracteriza-se por uma
síndrome clínica, laboratorial e radiológica, que decorre da imaturidade
pulmonar, da caixa torácica e da deficiência de surfactante.
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Figura 3. |
O
surfactante endógeno
A composição do surfactante pulmonar é bastante semelhante entre as várias espécies de mamíferos estudadas até hoje. A maioria dos estudos de composição foi realizada analisando-se o conteúdo lipídico do surfactante obtido por lavado broncoalveolar (representando o surfactante presente no interior do alvéolo), associado ou não à homogeneização dos pulmões em soro fisiológico gelado, utilizando-se trituradores de tecidos (representando o surfactante intracelular, presente no interior dos pneumócitos tipo II). Desta forma, o surfactante possui dois componentes principais, com funções distintas: a porção lipídica e a porção protéica.
A composição do surfactante pulmonar é bastante semelhante entre as várias espécies de mamíferos estudadas até hoje. A maioria dos estudos de composição foi realizada analisando-se o conteúdo lipídico do surfactante obtido por lavado broncoalveolar (representando o surfactante presente no interior do alvéolo), associado ou não à homogeneização dos pulmões em soro fisiológico gelado, utilizando-se trituradores de tecidos (representando o surfactante intracelular, presente no interior dos pneumócitos tipo II). Desta forma, o surfactante possui dois componentes principais, com funções distintas: a porção lipídica e a porção protéica.
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Figura 4. Composição do surfactante. |
A
função básica da porção fosfolipídica é a de atuar como componente redutor da
tensão superficial do surfactante, a função dos lipídios neutros ainda não é
bem determinada.
Se um bebê nasce de cesárea
com 38 semanas, ele pode ter apenas 36 semanas pois os exames não são precisos
e podem errar a data gestacional 15 dias para mais ou para menos, o que pode
ser arriscado para a vida do bebê. Esses recém-nascidos precisam normalmente de
internação maior por conta dos pulmões não estarem amadurecidos.
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Figura 5. Alvéolo pulmonar. |
“Não podemos aceitar que as cesarianas sejam
realizadas em função do poder econômico ou por comodidade. O normal é o parto
normal. Não há justificativa de nenhuma ordem, financeira, técnica, científica,
que possa continuar dando validade a essa taxa alta de cesáreas na saúde
suplementar. Temos que reverter essa situação”, enfatizou o ministro da Saúde,
Arthur Chioro, durante a coletiva realizada em janeiro deste ano. O ministro
disse ainda que a ‘epidemia de cesáreas’ deve ser tratada como um problema de
saúde pública. O Ministro apresentou também novas regras da ANS de incentivo ao
parto normal.
A
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou em janeiro de 2015
resolução que estabelece normas para estímulo do parto normal e a consequente
redução de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. As novas regras
ampliam o acesso à informação pelas consumidoras de planos de saúde, que
poderão solicitar às operadoras os percentuais de cirurgias cesáreas e de
partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. As informações
deverão estar disponíveis no prazo máximo de 15 dias, contados a partir da data
de solicitação. Atualmente, 23,7 milhões de mulheres são beneficiárias de planos
de assistência médica com atendimento obstétrico no país, público-alvo dessas
medidas. As regras foram apresentadas pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e
os diretores da ANS nesta terça-feira (6/1), em Brasília, e passam a ser
obrigatórias em 180 dias.
Figura 6. |
Até a
próxima, caro leitor!
Referências:
GUINSBURG
R.; MIYOSHI M.H.; KOPELMAN B.I. Distúrbios
respiratórios no período neonatal. São Paulo: Atheneu, 1998.
ANS
publica resolução para estimular parto normal na saúde suplementar.Disponível
em: <http://www.ans.gov.br/aans/noticias-ans/consumidor/2718-ministerio-da-saude-e-ans-publicam-resolucao-para-estimular-parto-normal-na-saude-suplementar>Acesso
em 25 de abril de 2015.
BALOGH,Giovanna. Porque a cesárea agendada é questão de
saúde pública. Disponível em: <http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/01/14/porque-a-cesarea-agendada-e-questao-de-saude-publica/>
Acesso em 25 de abril de 2015
REBELLO,C.M. Surfactante
pulmonar: composição, função e metabolismo.
Acesso em: 26 de março de 2015.