As
vantagens do aleitamento materno
Toda mulher está fisiologicamente preparada para amamentar depois do parto. Tanto a produção quanto a ejeção do leite materno estão sujeitas a reflexos nervosos. A sucção do bebê estimula o mamilo a gerar impulsos que, ao atingirem a porção anterior da hipófise, fazem com que essa glândula libere, na corrente sanguínea, a prolactina. Este hormônio ao alcançar os alvéolos mamilares, estimula as células secretoras a produzirem o leite. Ao mesmo tempo, durante a sucção, outro hormônio é estimulado, a ocitocina(tema central da nossa postagem anterior).
![]() |
Figura 1. |
As vantagens bioquímica,
digestivas e nutricionais do leite materno são imensuráveis. As proteínas
presentes no leite humano facilitam e encurtam o período de digestão e
apresentam alta biodisponibilidade(essencial na prevenção de doenças no
primeiro ano de vida); as gorduras, representadas especialmente por ácidos
gordurosos não saturados, são participantes da síntese dos lipídeos no processo
de mielinização e determinam melhor e mais complexo desenvolvimento cognitivo e
do sistema nervoso humano.
Figura 2. |
Essa fonte nutricional confere
ao recém-nascido imunidade passiva, pois contém anticorpos (IgA, IgM, IgG),
enzimas de ação bactericida (lactoferrina e lizozima), fatores do sistema
complemento e células de defesa (macrófagos, neutrófilos e linfócitos),
importantes para um recém-nascido imunologicamente imaturo e, portanto, mais
susceptível a infecções bacterianas, virais e fúngicas e alta taxa de morbidade
e mortalidade além da redução do risco de diabetes mellitus tipo I e asma. Por exemplo, as enterobactérias que colonizam
rapidamente o trato digestivo do neonato passam a ser efetivamente bloqueadas e
controladas já na porta de entrada e passam então a constituir um risco muitas
vezes menor para o seu sistema de defesas, ainda um tanto despreparado para
enfrentá-las adequadamente.
Figura 3. |
A lisozima, por exemplo,
presente nos vacúolos de fagocitos, nas secreções e nos fluídos extracelulares
atinge sua maior concentração no leite humano (9-245,8 mg/l), concentração esta
que chega a ser 300 vezes maior que no leite de vaca. A lisozima resiste ao pH
ácido, é termoestável, sendo encontrada intacta nas fezes de crianças
alimentadas ao seio. A lisozima atua diretamente sobre possíveis bactérias,
mais especificamente clivando o peptídeoglicano (polissacarídeo) de sua parede
ou, ainda, potencializando a ação da IgA e do complemento.
Figura 4. Lisozima. |
A amamentação contribui para a
satisfação das necessidades básicas de sucção da criança durante seu primeiro
ano de vida. Os movimentos de ordenha, durante o mamar, são realizados com a
mesma musculatura da mastigação. A ordenha é a mastigação primeira, antes da
maturidade neural desta função. São esses movimentos que exteriorizam a postura
mandibular, estimulando seu crescimento, visto que no recém-nascido existe uma
disto-relação entre a maxila e a mandíbula. Crianças não amamentadas apresentam
os músculos mastigatórios hipotônicos. Os movimentos mandibulares também
estimulam os côndilos a tracionarem seus meniscos articulares e, com isso, a
cavidade temporal começa a ser esculpida, seus ligamentos fortificados e toda a
musculatura a ela relacionada passa a maturar de forma fisiológica, preparando
toda a estrutura articular para a alimentação sólida.
![]() |
Figura 6. |
Carvalho MR, Tamez R.
Amamentação: bases científicas. 2ª ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro; 2005
Sakae PPO, Costa MTZ, Vaz FAC.
Cuidados perinatais humanizados e o aleitamento materno promovendo a redução da
mortalidade infantil. Rev Saúde Pública, São Paulo, revisão e ensaio, 2000
MONTEIRO, J.C.S; NAKANO,
A.M.S; GOMES, F.A. Amamentação precoce na primeira meia hora de vida da
criança. R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 abr/jun; 14(2):202-7. • p.203.
Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v14n2/v14n2a08.pdf
MARTINS, J., F.°; CASTRO, A.
F. P.; SERAFIM, M. B. & GOMES, J. A. — Anticorpos anti-enterotoxina
termolábil de Escherichia coli e anti-fator de colonização em colostro humano.
Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo 22:7, 1980.
OGRA, S. S. & OGRA, P. L. — Immunologic aspects of
human colostrum and milk. I. Distribution characteristics and concentration of
immunoglobulins at different times after the onset of lactation. J.
Pediat. 92:546,1978
Complementando tudo o que vocês mencionaram quanto aos benefícios ao bebê, a amamentação também traz inúmeros benefícios a mãe! Dentre os quais: a mãe que amamenta sente-se mais segura e menos ansiosa, faz queimar calorias e por isso ajuda a mulher a voltar, mais depressa, ao peso que tinha antes de engravidar, ajuda o útero a regressar ao seu tamanho normal mais rapidamente, a perda de sangue depois do parto acaba mais cedo, a amamentação protege do cancro da mama que surge antes da menopausa, a amamentação protege do cancro do ovário e da osteoporose e, quando exclusiva, protege também da anemia, Isso porque as mulheres que amamentam demoram mais tempo para ter menstruações, por isso as suas reservas de ferro não diminuem com a hemorragia mensal!
ResponderExcluirBom, poderiam abordar isso (parto e menstruação) em algum post futuro também... #ficadica :) Até!
Ótima postagem, e o tema é interessantíssimo (nosso blog fala sobre o aleitamento e demais formas de nutrição do bebe em geral também)!
ResponderExcluirO parto humanizado é bem discutido atualmente e está intimamente relacionado com a amamentação. Muitas mulheres após a cesárea encontram dificuldade em começar o aleitamento, já que o parto não ocorre quando o corpo está preparado e sim quando o médico esta disponível (em muitos casos). Essa e outras razões acabam tonando as fórmulas infantis o primeiro alimento do recém nascido, e ela apesar de toda a tecnologia não substitui o leite materno, alimento completíssimo, como vocês já deixaram claro. Nessa fase o bebe vai se tornar apto a vida fora do útero e o leite materno fornece a defesa e a proteção biológica necessária através de anticorpos e enzimas.
Aguardamos a próxima !
GRUPO A
GRUPO L
ResponderExcluirMuito importante falar sobre o processo de amamentação. Aspectos epidemiológicos relacionados ao leite materno apontam suas amplas vantagens que abrangem a esfera biológica: com os benefícios para o neonato que foram muito bem salientados no decorrer da postagem desse blog, benefícios para as mães que não foram focados na postagem, pois o aleitamento materno traz aspectos de interesse para a mulher, tais como o aumento do espaçamento entre as gestações, desde que a mulher se mantenha amenorréica e a amamentação seja praticada sob livre demanda; redução do sangramento pós-parto, em virtude da contração uterina; diminuição da ocorrência de anemias e redução dos índices de câncer de ovário e mama. Além disso, a amamentação abrange a esfera psicológico-afetiva, uma vez que durante esse processo ocorre um fortalecimento do vínculo entre mãe e filho, e também traz consequências a nível de sociedade, uma vez que com a criança adequadamente nutrida tem-se repercussões na redução dos índices de morbimortalidade neonatal e infantil. Assim, em virtude da complexidade do processo de amamentação é preciso programas educativos mais consistentes esclareçam os aspectos relevantes no tocante ao aleitamento materno visando à plena eficácia de tal prática, para isso faz-se necessária uma assistência integral a mulher que contemple todo o ciclo gravídico-puerperal, além de um cuidado global à saúde da criança. Atitudes como a postagem desse blog já se configuram como passos iniciais da abordagem incisiva que o tema requer. =)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom abordar a amamentação, uma vez que vários processos desencadeados no parto (ou impedidos no caso de cesáreas eletivas) tem correlação direta com a descida do leite materno.
ResponderExcluirUm ponto interessante é que a amamentação reduz as chances de câncer de mama. Segundo a instituição World Cancer Research Fund, isso ocorreria pela redução dos níveis de estrógeno (pela diminuição do número de ciclos menstruais), pela esfoliação do epitélio interno das mamas (produzida pela sucção) e pela apoptose das células produtoras de leite ao final do período de lactação.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGRUPO E
ResponderExcluirÉ fundamental o aleitamento materno nos primeiros meses de vida do bebê, já que a imunidade dele durante os 6 primeiros meses depende da imunidade da mãe. Por isso, é importantíssimo entender que o aleitamento não é só recomendável, mas é essencial para a proteção do bebê. Espetacular a abordagem!
Grupo J
ResponderExcluirÓtima postagem! Essa postagem nos mostra que o aleitamento materno é essencial não só para o sistema imunológico da criança, ele é de fundamenta importância para as funções neurológicas. O ato da ordenha, no momento da amamentação, fazer com que os músculos da mastigação (mm. masseter, temporal, pterigoideo medial e pterigoideo lateral) é impressionante, pois a amamentação além de dá um tempo para que as funções neurológicas do RN estejam bem formadas faz com que ocorra uma tonificação dos músculos preparando-os para o ato da mastigação de sólidos. Espetacular.
Grupo C
ResponderExcluirInteressante o que trouxeram. Não é toa a recomendação da OMS de amamentação exclusiva pelos 6 primeiros meses de vida, fica claro com os dados que trouxeram a enorme quantidade de vantagens. Mas então surge a pergunta, por que a taxa de amamentação exclusiva não esta no 100%? É uma prática que tem imensa vantagens, já foi demonstrado ser uma das maneiras mais eficientes de diminuir mortalidade infantil (um problema sério em nossa região), mas ainda encontra barreiras culturais para uma plena realização. Grupos que podem comprar leite especial para crianças o fazem com regularidade e muitos que não podem comprar desejam poder fazer isso. Nesse ponto acredito se relaciona muito com o tema que foi abordado pelo blog "danonhinho é melhor que bifinho?", pois em grande parte a cultura que enfrentamos agora se estabeleceu com uma campanha agressiva de expansão do uso de leite em pó financiando pela industria alimentícia.
Cabe, portanto a nos, trabalhadores da área da saúde se tornar fonte constante dessa mistificação, que muitas vezes faz com que mulheres pensem que seu leite não é forte o bastante.