segunda-feira, 25 de maio de 2015


E aí, galera! 

Voltamos com mais uma postagem show para vocês! Acontece em Parnaíba, essa semana, do dia 22/05/15 ao dia 28/05/15, nas Unidades Básicas de Saúde, a IV Semana do Bebê! E como essa temática é bem casada com nosso blog, vamos explicar o que esse evento.

Figura 1.

A Semana do Bebê é uma estratégia de mobilização social apoiada pelo UNICEF e tem como objetivo tornar o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento de crianças de até 6 anos prioridade na agenda dos municípios brasileiros. 
A ideia é incentivar os municípios a realizar, durante uma semana, uma grande mobilização em favor da primeira infância.
Cada município define a data e as atividades a serem realizadas, tais como: oficinas, cursos, palestras e atividades artísticas e culturais.

Figura 2.

Os seis primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento integral de meninas e meninos. Nessa fase da vida, a criança desenvolve grande parte do potencial cognitivo que terá quando adulto. Por isso, representa uma janela de oportunidades. A atenção integral nessa faixa etária tem impacto decisivo nos processos de aprendizagem e de construção de relações sociais, fatores que influenciarão a vida afetiva, profissional e social.

Figura 3.

Aqui em Parnaíba, 20.893 crianças já participaram do evento, sendo 8.991 de 0 a 4 anos e 11.902 de 5 a 9 anos.
E o que a gente na bioquímica ganha com isso?

Figura 4.

É de interesse de todos que fatores emocionais, sociais, fisiológicos e culturais terão reflexos estruturais, químicos e elétricos em um cérebro altamente plástico e mutável como é encontrado nas crianças.
O social(meio), por exemplo, através de repetição ou intensidade, interfere no biológico, formando memória e resultando o psíquico, que é a somatória de vivências e experiências “cristalizadas” nos neurônios e em sua fisiologia.

Figura 5.

O encéfalo, através de complexa atividade elétrica, é capaz de processar diversos tipos de informação, que são reconhecidos, memorizados e recuperados. A base do processamento é dada pela atividade de neurônios, que se comunicam principalmente através de eventos discretos no tempo: os potenciais de ação.

Figura 6.

No entanto, as intensidades das conexões entre esses neurônios não são totalmente acessíveis, o que, além de outros fatores, impossibilita um entendimento mais completo do funcionamento da rede neural. Desse modo, a neurociência computacional tem papel importante para o entendimento dos processos envolvidos no encéfalo, em vários níveis de detalhamento.

Figura 7.

Dentro da área da neurociência computacional se estuda a aquisição e recuperação de memórias dadas por padrões espaciais, onde o espaço é definido pelos neurônios da rede simulada. Primeiro utiliza-se o conceito da regra de Hebb para construir redes de neurônios com conexões previamente definidas por esses padrões espaciais. Se as memórias são armazenadas nas conexões entre os neurônios, então a inclusão de um período de aprendizado torna necessária a implementação de plasticidade nos pesos sinápticos. As regras de modificação sináptica que permitem memorização (Hebbianas) geralmente causam instabilidades na atividade dos neurônios. Com isso desenvolveram-se regras de plasticidade homeostática capazes de estabilizar a atividade basal de redes de neurônios.

Espero que tenham gostado do post! Até a próxima





DOMINGUES, MARIA APARECIDA. Desenvolvimento e aprendizagem o que o cérebro tem a ver com isso. Editora da ULBRA, 2007.
http://www.semanadobebe.org.br/entenda

AGNES, Everton João. Estabilidade de atividade basal, recuperação e formação de memórias em redes de neurônios. 2014. Tese de Doutorado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Dor do parto: uma questão farmacológica?


Hoje falaremos sobre uma notícia que saiu há pouco tempo e que tem preocupado muita gente. O aumento do número de cesáreas no Brasil tem sido classificado pela OMS como uma epidemia. Há vários fatores que contribuem para este aumento, como a cesárea programada em que a gestante marca dia e horário para ter o bebê, ao contrário do parto vaginal que pode ocorrer a qualquer dia e horário e demanda mais tempo; mas com certeza, um dos maiores fatores que contribuem para o seu aumento é a falta de assistência obstétrica para a mãe, que não é preparada psicologicamente para o parto. Além do medo e da insegurança, aparentemente  mais estimulados que combatidos.
Tendo em vista este constante aumento do número de cesáreas e os cuidados que a equipe médica tem que prestar à mãe, tem-se a Política Nacional de Humanização do Parto que visa transformar este quadro. E um dos pontos a serem observados é o uso de fármacos no alívio da dor, pois estes fármacos podem alterar de muitas formas o funcionamento do já debilitado organismo materno tendo também a possibilidade de atravessar a barreira placentária e afetar o bebê.
“Promover o parto e o nascimento humanizados, ofertando métodos de alívio da dor e possibilidade de partos na posição vertical.” (BRASIL, 2014)

Hoje falaremos especificamente sobre a ação dos anestésicos.

Conceito
 “Supressão artificial por meio de anestésicos da sensibilidade em alguma parte (anestesia local, anestesia regional) ou em todo o corpo (anestesia geral), com mais frequência em casos de intervenção cirúrgica.” (SILVA, 2011)

Mecanismo de ação
Os anestésicos locais bloqueiam a ação de canais iônicos na membrana celular neuronal, impedindo a neurotransmissão do potencial de ação. A forma ionizada do anestésico local liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a propagação da despolarização celular. Porém, a ligação específica ocorre no meio intracelular, por isso é necessário que o anestésico local em sua forma molecular ultrapasse a membrana plasmática para então bloquear os canais de sódio. É provável que exista um segundo mecanismo de ação dos anestésicos locais (AL), que envolve a inativação dos canais de sódio pela incorporação de moléculas de AL na membrana plasmática (teoria da expansão da membrana plasmática). Esse segundo mecanismo de ação seria gerado pela forma não ionizada dos anestésicos locais, atuando de fora para dentro. As fibras nervosas possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais, sendo as fibras pequenas mais sensíveis que as grandes, e as fibras mielinizadas são bloqueadas mais rapidamente que as não mielinizadas de mesmo diâmetro. O bloqueio das fibras nervosas ocorre gradualmente, iniciado com a perda de sensibilidade à dor, à temperatura, ao toque, à propriocepção e finalmente perda do tônus muscular esquelético. Por essa razão, os indivíduos podem ainda sentir o toque no momento em que a dor já está ausente após aplicação do anestésico local.

Mecanismo de ação dos anestésicos locais.


Cuidado Obstétricos
Os anestésicos atuam sobre o sistema nervoso autônomo (SNA), logo fármacos com ação anestésica também causam efeitos adversos sobre o SNA, como por exemplo a hipotensão que pode ocorrer pelo bloqueio simpático ocasionado pelos anestésicos. Sabe-se também que gestação causa um desequilíbrio hemodinâmico na mulher. Logo, ações preventivas devem ser tomadas antes mesmo da administração do fármaco. Os efeitos centrais incluem parestesia nos lábios, dificuldade na articulação das palavras, redução do nível de consciência e convulsões. As múltiplas alterações em canais iônicos cardíacos, podem levar à arritmias e redução da contratilidade miocárdica.
“Em anestesia obstétrica, devemos ter especial atenção ao fluxo sanguíneo uteroplacentário. Os agentes anestésicos intravenosos apresentam efeitos variáveis sobre a circulação uteroplacentária. Barbitúricos e propofol causam pequenas reduções na circulação uterina devido à redução leve ou moderada da pressão sanguínea materna. Cetamina em doses baixas e etomidato provocam efeitos discretos sobre o sistema circulatório. Entretanto, benzodiazepínicos e agentes voláteis, em doses de indução anestésica, reduzem de forma significativa a circulação placentária. Administração inadvertida de anestésicos locais intravenosos, como lidocaína, reduz significativamente o fluxo uterino e deve ser evitada.” (SCHMIDT, 2009)

Fórmula molecular de barbitúrico
Fórmula molecular de etomidato
Fórmula molecular de propofol
Fórmula molecular de cetamina


Métodos não farmacológicos para alivio da dor.
Os Métodos Não Farmacológicos (MNFs) para alivio da dor são técnicas de relaxamento e cuidado que visam dissipar a sensação de dor através de estímulos sensoriais e que não envolvem tecnologia sofisticada, sendo possível ser realizado até pelo acompanhante da mulher, desde que tenha uma mínima instrução. Os principais métodos são:
● Hidroterapia
A hidroterapia refere-se ao banho de imersão ou de aspersão. É considerada uma alternativa para o conforto da mulher em trabalho de parto, já que oferece alívio sem interferir na progressão do parto e sem trazer prejuízos ao recém-nascido. É apontada como uma medida não farmacológica, na qual a parturiente imerge em água morna (imersão) para relaxamento e alívio do desconforto.

● Deambulação e mudanças de posição
A deambulação e as mudanças de posição durante o trabalho de parto constituem outra medida de conforto extremamente útil.

● Exercícios de relaxamento
Os exercícios de relaxamento têm como objetivo permitir que as mulheres reconheçam as partes do corpo e suas sensações, principalmente as diferenças entre relaxamento e contração, assim como as melhores posições para relaxar e utilizar durante o trabalho de parto.

● Técnicas de respiração
As técnicas de respiração trouxeram outra forma de combater as dores do parto, por exemplo, a ginástica respiratória vem sendo desencadeante do equilíbrio no trabalho de parto, o controle da respiração passa pelo estabelecimento de um reflexo condicionado, contração/respiração, trazendo à tona a respiração “cachorrinho” e buscando a hiperventilação durante as contrações, a qual é capaz de oxigenar o feto.

● Massagem
A massagem é uma terapêutica simples, de baixo custo, que associada à respiração, posição e deambulação, pode ser de grande valia no processo de nascimento.


Enfim pessoal por hoje é isso, espero ter trago boas e novas informações a vocês. Deixem nos comentários suas impressões. Até semana que vem
















Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento / Ministério da Saúde. Universidade Estadual do Ceará. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 465 p.: il. – (Cadernos HumanizaSUS; v. 4. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_humanizasus_v4_humanizacao_parto.pdf>. Acesso em 22 abr. 2015

Silva, Carlos Roberto Lyra da. Silva, Roberto Carlos Lyra da. Viana, Dirce Laplaca. Compacto dicionário ilustrado de saúde. – 6. ed. ver. e atual. – São Caetano do Sul.SP: Yendis Editora, 2011.

Schmidt , Sérgio Renato Guimarães; Schmidt, André Prato; Schmidt, Adriana Prato. Anestesia e analgesia de parto. Arq. Bras. Cardiol. vol.93 no.6 supl.1 São Paulo Dec. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2009001300019&script=sci_arttext Acesso em 12 de maio de 2015.



terça-feira, 5 de maio de 2015

Olá pessoal! 

Bem-vindos a mais uma semana na bioquímica do parto humanizado. Hoje iremos abordar um assunto polêmico, ético e questão de vida ou morte para algumas pessoas: o transplante de medula óssea e sangue de cordão umbilical.

O transplante de medula óssea (TMO), primeiramente, consiste na infusão intravenosa de células progenitoras hematopoiéticas com o objetivo de restabelecer a função medular nos pacientes com medula óssea danificada. E esse procedimento podem ser feitos de três formas:
·       Transplante alogênico, em que o paciente recebe a medula de uma outra pessoa, que pode ser algum familiar ou não;
·       Transplante singênico, em que o doador é um irmão gêmeo idêntico(portanto, a mais rara).
·       Transplante autogênico, que utiliza as células do próprio paciente coletadas previamente.


Figura 1. Transplante de medula.


As células progenitoras hematopoiéticas podem ser coletadas diretamente da crista ilíaca, do sangue periférico ou mais recentemente do sangue de cordão umbilical(SCU). A primeira experiência bem sucedida no uso do sangue de cordão umbilical como fonte de células para reconstituição de medula óssea ocorreu em 1988, quando a Dra. Eliane Gluckman, na França, tratou com sucesso um paciente portador de anemia de Fanconi, utilizando o sangue do cordão umbilical de seu irmão para reconstituir a função medular após quimioterapia mieloablativa. O sangue de cordão umbilical é coletado logo após o nascimento da criança, sendo posteriormente processado e mantido congelado até a infusão.

Figura 2. Coleta

A coleta, o processamento, o congelamento e a utilização do SCU seguem os seguintes passos:
·       Logo após o nascimento, o cordão é clampeado pelo obstetra e entregue à enfermeira responsável pela coleta, que vai puncionar a veia umbilical com uma agulha conectada a uma bolsa de coleta. A placenta é colocada em um suporte estéril mais elevado que a bolsa e o sangue flui por gravidade;
·        A bolsa é posteriormente enviada ao banco de sangue para processamento. A gestante é entrevistada e colhe-se amostra de sangue para realização de exames sorológicos maternos;
·   No banco de sangue, é colhida da bolsa uma amostra de sangue para tipagem HLA, exames sorológicos e bacteriológicos e contagem das células; posteriormente, a bolsa é processada e congelada em nitrogênio líquido;
·         Quando todos os resultados ficam prontos, a bolsa torna-se disponível para o uso; havendo problemas com os exames, o sangue pode ser descartado;
·      O banco de dados do banco de sangue de cordão umbilical é alimentado com todas as informações referentes às bolsas. Atualmente são feitos transplantes quando o número de antígenos HLA incompatíveis é igual ou menor que 2 e a quantidade de células da bolsa é superior a 2 X 107 células por quilo de peso do receptor;
·         Quando um paciente encontra uma unidade adequada de SCU, esta unidade é enviada para o serviço que realizará o transplante, acondicionada em um botijão especial que contém nitrogênio líquido.

Figura 3.


O SCU possui propriedades muito interessantes: menor probabilidade de induzir doença enxerto contra hospedeiro(DECH) aguda e crônica, mesmo quando a tipagem HLA(human leukocyte antigen) não é totalmente compatível com a do receptor, aparentemente mantém o efeito enxerto contra leucemia e apresenta menor índice de infecções por vírus como EBV(Vírus Epstein Barr) e CMV92(Citomegalovírus 92).
Portanto, o sangue do cordão umbilical deve ser meio de salvar vidas cada vez mais utilizado. A compatibilidade tem que ser bem maior, é verdade; mas nada nos impede de tentar e usar todos os meios possíveis e cientificamente comprovados para reduzir o número de mortes por danos na medula óssea.


DE CASTRO JR, Cláudio Galvão; GREGIANIN, Lauro José; BRUNETTO, Algemir Lunardi. Transplante de medula óssea e transplante de sangue de cordão umbilical em pediatria. J Pediatr (Rio J), v. 77, n. 5, p. 345-60, 2001.
Childs R, Chernoff A, Contentin N, Bahceci E, Schrump D, Leitman S, et al. Regression of metastatic renal-cell carcinoma after nonmyeloablative allogeneic peripheral-blood stem-cell transplantation. New Engl J Med 2000; 343:750-8.

Armitage JO. Bone Marrow Transplantation. N Engl J Med 1994; 330: 827-38